segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Segunda, 7 da manhã


Acorda bem cedo e deixa tudo pronto. Um gole de leite quente desce rápido pela garganta, dá coragem para sair cedo de casa. Não pode chegar atrasada na primeira aula, que começa às 7h. A escada parece mais íngreme, mais longa do que da última vez.
Sentada, apura os sentidos para não perder uma palavra dita pela professora de português lá na frente. A intuição de quem já leu muito faz o alfabeto, vogais e sílabas serem tão fáceis quanto bocejar, ainda mais às 7 da manhã. Depois é a matemática - básica, mas chata como as primeiras horas de um dia nublado. A história é fascinante, ainda mais quando cada linha acompanha um filme mental, antigo e vivaz. Na geografia, as idas e vindas feitas há muito explicam em detalhes o relevo e o clima observados curiosamente das janelinhas do carro e do trem. As poucas companheiras tricotam lindos tapetes e um pouco da vida no intervalo rápido. Voltam para a lousa embaçada, a cadeira dura. A biblioteca parece mais longe do que realmente é.
No fundo, cansa. Mas acima disso, satisfaz. A euforia do término do primeiro dia de aula é o mesmo de uma criança de 8 anos. Mas não tem mais 8 anos. Tem 80.

Foto: Troll Urbano

Um comentário:

Aline Costa disse...

Adorei o texto, Helô! Foi ótimo para entramos num clima de 'nossa vó na escola'!