segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Arquivo vivo


Segundo o Estatuto do Idoso, Tít. II, Cap. V, Art. 22, "Nos (...) diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria." Na prática a coisa não é bem assim.

Meu avô, José de Souza, 71, sempre foi um autodidata. Tem a 4ª série primária, o "Madureza" de 1º grau em 1976 e uma lista de cursos de conserto de eletrodomésticos. Trabalhou na área de Ferramentaria por mais de 25 anos. Mas porque voltou a estudar agora? "Não quis ir jogar baralho ou ir pro bar beber pinga. Decidi voltar a aprender."

Este ano, matriculou-se numa escola pública no Ensino Médio. Ele afirma que não há ninguém de sua faixa etária, a maioria dos colegas tem 40 anos. "Há uma certa hostilidade, uma rejeição natural dos alunos que desestimula o velho no meio dos novos. Mas dizem que sou inteligente, então vou acreditar um pouco nisso", afirma, entre risos. Além das piadinhas preconceituosas, o raciocínio está mais lento, é difícil concentrar-se e fixar o que já aprendeu. Ainda assim, acredita ter uma vantagem acima de todos: a de ter vivido o que vai além dos livros.

Fonte: Estatuto do Idoso

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